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A LINHAGEM

Parampara é a palavra em sânscrito que designa a linhagem de professores e alunos (gurus e shishyas) através da qual

o conhecimento é transmitido, de modo contínuo e ininterrupto, ao longo de sucessivas gerações. Presente em vários ramos de conhecimento da Índia e da cultura védica em geral (como hinduísmo e budismo, entre outros), essa tradição permite que o conhecimento exista e se mantenha vivo tal como foi, é e será.

Para falar da tradição do Ashtanga Vinyasa Yoga é preciso recuar até o sábio Vamana Rishi. Sabe-se que ele foi o autor

de um antigo e perdido manuscrito em sânscrito, o Yoga Korunta, que ensinava as técnicas de vinyasas, bandhas, drishtis e mudras. Esse manuscrito foi procurado e reencontrado pelo guru Krishnamacharya, a pedido de seu próprio guru, Ramamohana Brahmacharya. Apesar de muito danificado (conta-se que estava escrito em folhas de bananeira), o texto foi passado por Krishnamacharya oralmente a seus alunos, entre os quais Pattabhi Jois.

As raízes mais profundas dessa linhagem, por sua vez, e do yoga como um todo, remontam ao sábio Patanjali,

que compilou os Yoga Sutras, aforismos que sintetizam e organizam a teoria e a prática de yoga. Ou ao próprio deus Shiva, considerado o primeiro professor de yoga. Mais importante, porém, é reconhecer que se trata de uma tradição que, além de rica em histórias, é experienciada através da prática, do autoestudo e da entrega a um mestre. A beleza

do vínculo entre o professor e o aluno é que mantém vivo esse método experimentado por cada um de nós, praticantes.

 

Os frutos desse legado amadureceram em Guruji, como era e continua sendo chamado pelos seus alunos Sri K. Pattabhi Jois, que está no topo da linhagem de Ashtanga Vinyasa Yoga, seguido de Manju Jois, Saraswati e Sharath Jois.

Guruji foi introduzido ao yoga aos doze anos de idade por Krishnamacharya. Estudou com seu mestre de 1927 a 1945. Conhecia sânscrito, Advaita Vedanta e vinha de uma família de astrólogos. Em 1948, abriu o Ashtanga Yoga Nilayam,

na cidade de Mysore, com o intuito de ensinar e difundir o método. Foi professor por muitos anos, numa pequena sala da casa da família, no bairro de Lakshmipuram, onde cabiam apenas doze alunos. Nesse contexto, o método conhecido como “estilo Mysore” se estabeleceu, sendo ensinado até hoje.

Com a morte de Guruji, em 18 de maio de 2009, seu neto Sharath Jois passou a ensinar em seu lugar e a administrar

o Ashtanga Yoga Institute, localizado no bairro de Gokulam, também em Mysore. Uma tarefa nada fácil para uma escola que recebe milhares de ashtanguis de todas as partes do mundo, número que parece ter quadriplicado depois que Guruji nos deixou. Hoje, Mysore se tornou a cidade do Ashtanga Yoga, com uma economia que se desenvolve (restaurantes e lojas nascem e crescem) em torno dos novos alunos que, a cada ano, embarcam rumo à fonte do ensinamento.

Saraswati, filha de Pattabhi Jois, ensina em sua própria escola, também em Gokulam. Manju Jois, seu filho, ensina em Encinitas, na Califórnia, e viaja para difundir o método em várias partes do mundo.

Colaboração Júlia Simões

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